segunda-feira, maio 15, 2006

A Tuna é um caminho a percorrer...

A Tuna é um caminho a percorrer...

Um artigo de profundo interesse tunante
O Editorial deste final de ano de 2005 é nada mais nada menos que uma reposição, no caso, de um texto retirado de AVENTUNA, da autoria do Maestro Moran, numa tradução livre ( Artigo publicado na Revista Aventuna Nº 66, 1998, exemplar monográfico entitulado “La Tuna en el 2000”)

Porque se trata de uma ilustre figura do mundo tunante espanhol, ficam aqui as palavras do Maestro Moran, que certamente serão alvo de atenção e reflexão.

“Estas linhas trazem somente um desordenado esboço de alguns males que, no meu entender, afectam de forma desigual demasiadas Tunas actualmente. O assunto merecia um estudo profundo ( …)

1. Por muito que estejamos todos no mesmo magistério, cada pessoa é distinta e não é possível nem recomendável que todos sejamos cópias de um mesmo molde. Tentar a uniformidade seria cortar as asas a uma Tradição que é caracterizada pela espontaneidade. Mas também é indesejável que cada um, à luz de tal, faça o que lhe dê na gana, ignorando o caminho percorrido, de séculos.

Quando se decide entrar para uma Tuna, as referências mais apelativas são o traje, o alcool e as festas. A Tuna é bastante mais que isso. (…) A Tuna é um caminho a percorrer. Os veteranos devem guiar o caloiro dando bom exemplo, ensinado o respeito e o cumprimento da Tradição de que vão a formar parte, o companheirismo, etc. Não se trata de que todos sejam estudiosos da Tuna, antes que tenham suficientes elementos de juízo para saber onde se meteram, decidindo continuar ou não e poder entregar um digno testemunho a futuros componentes. Alguns querem chegar a veteranos para somente fazerem o que lhes apetece.

O caloiro acredita no que contam, faz dele também isso mesmo e assimila os comportamentos que vê à sua volta quase como dogma de fé. Quando chega a tuno não aceita que algum iluminado lhe diga coisa distinta, porque o Tuno sabe tudo...

2. - Cada vez menos Tunos conhecem a simbologia da Tuna, sua tradição e significado. Outras vezes a algo que se “ouviu” acrescenta-se um ponto, (…) etc. As Tunas que cumprem os rituais de Tuna contam-se pelos dedos…de uma orelha. Perdeu-se o fio condutor da Tradição, “apanhando-se” só o que dá jeito.

(…) Há tunos que parecem os soldados que conquistaram o Perú, outros toureiros...vêm-se botas altas, panos de cores à volta da garganta, etc. Outras vezes são fitas na cabeça tipo “karaté kid”…

Nos festivais, algumas tunas padecem de uma espécie de endogamia, fechadas ao resto (…) Aqui estão também as rivalidades e invejas tontas.

São comuns “façanhas” tais como esvaziar extintores em hoteis, faltar ao respeito às raparigas e oferecer na rua um penoso espectáculo; As pessoas não distinguem e a tuna que deixe o seu rasto condena a que vem a seguir. Claro que há “tunos” que se riem destas façanhas..
Nega-se a natureza da tuna a formações não universitárias; Nega-se as femininas porque são mulheres. E também as de Colégios Mayores, Universitárias e masculinas, sem saber que a ligação de uma tuna a uma faculdade é recente. (…)

[...]

Instados a exigir, sejamos coerentes: Se quase é delito não levar a Capa para palco, tambem deveria sê-lo interpretar cantares distantes do repertório estudantil. (…)

3.- Resulta paradoxal falar de medidas correctoras numa tradição espontânea por natureza, mas chegados a este ponto, permitam-me propôr as seguintes:

• Dar exemplo, colectiva e individualmente, irradiando outra imagem, outros comportamentos.

• Nos festivais, marcar limites precisos em coisas como a vestimenta, comportamento e repertório, penalizando o distante da tradição e pontuando a recuperação de instrumentos, costumes e cantares. E que, chegado o momento, se aplique.

• Ler livros sobre a Tuna, visionar e comentar videos de festivais. É imprescindível que cada Tuna tenha um arquivo.

• Tomar consciência da responsabilidade que é levar um traje, não só individualmente mas também para o colectivo da Tuna.

• Recuperar canções populares de serenata. (…) Aceitar canções de outras Tunas; não se é menos tuna por isso.

• Cada Tuna poderia elaborar um código interno de conduta de cumprimento obrigatório.”

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando o Estudante se Traja, não é só ele que deve mostrar Orgulho pelo Traje; o Traje deve "sentir" Orgulho nEle.

Creio que, para nos Envolver-mos num Traje Orgulhoso, só é possível quando temos profunda Consciência e Moral para tal. Isso, faz falta às Tradições e ao tão aclamado Espírito Académico.

Nas palavras de um ilustre amigo:
-“O Espírito Académico é a capacidade de te envolveres e te entenderes com pessoas que são o teu completo oposto”…
Obrigatório muito Respeito (entenda-se).

Sendo as Tunas grupos Musicais de cariz Académico, coloca-se-me inalcançável o entendimento daqueles que entram em Tunas para beber uns copitos ou simplesmente “socializar”, sem que haja uma preocupação (pré ocupação) com o aprendizado e conservação do Cancioneiro Tunante. No meu humilde entender, as saídas e confraternizações são um Complemento (Imprescindível está claro) mas que Premiam o Trabalho.

Sendo a minha experiência Tunante incompleta (por opção pessoal), reflecti sobre a adição do que se segue, pois posso parecer presunçoso, mas é de boa fé e sem segundas intenções…
A existência de 4 escalões hierárquicos da RTI condicionaram obviamente esta linha de raciocínio, deste modo existem:
Candidatos a projecto
Projectos
Caloiros
Infantes (Tunos)

O Candidato deve-se apresentar de forma humilde e de espírito aberto a novas experiências/ensinamentos; está prestes a dar continuidade a uns bons Séculos de Tradição e é imprescindível o seu conhecimento/entendimento, para que um dia estejam aptos a transmiti-la a outros. Mesmo não sendo Praxado (só os Caloiros o são), deve aliviar as tarefas dos Caloiros e quando aplicável, solidarizar com seus “Irmão mais Velhos” (os que são agora Caloiros já fizeram o mesmo).
Deve Sentir Interesse por Tudo o que gira em torno da Tuna e Pedir Auxílio na sua Aprendizagem, desta forma, progredirá depressa e perfeito.
Para este, o Infante representa um ser edílico cuja diferença com Deus é que Deus é Omnipresente e o Infante É Presente.
Resumindo em uma palavra… Aprender.

O Projecto, é em todo igual ao Candidato, a diferença situa-se num mais alargado Conhecimento Musical; contudo, de Postura idêntica.

O Caloiro é a Base da Tuna, pois é nele que recai a responsabilidade de quase todas as tarefas necessárias ao bom funcionamento da Tuna. A nível musical, deverá apresentar uma qualidade igual à dos Infantes (construída e cimentada ao longo desta fase e das anteriores).
O Braço Direito do Infante chama-se Caloiro.

O Infante é o Conhecimento e a Experiência; sem ele, a Tuna é um barco sem Timão. Assegurar a Continuidade contribuindo tanto com o Ensino dos novos elementos como da Variedade e preservação do Cancioneiro.
E é lógico que sobre o Infante recai a Gerência da Tuna.

Todo o Elemento que não se encontre no activo, deve Apoiar a Tuna quando solicitado, e no meu bom entender, deve-lhe ser vedado o Direito de Praxe, pois não se encontrando no Activo, não tem os Deveres dos Infantes que estão, nem conhecem os restantes elementos como estes.

Esta é a minha opinião e deste modo quero esclarecer o facto que, como Minha opinião, vale o que vale, não sendo portanto bitola de comparação para nada. E mesmo sendo a minha opinião, tenho consciência de que esta Tem lacunas, pois saliento que a minha progressão Tunante não se completou, ficando-me como caloiro da RTI aquando o meu afastamento, logo, tenho perfeita consciência que posso pecar por omissão e/ou desconhecimento.

Bem Hajam todos aqueles que se esforçam em pelouro da Tradição, das Tunas e do Traje, para eles, e para a INFANTINA…
Com Todo o Espírito Académico… VAI TUDO!!!

Feio “O Montador”